quarta-feira, 16 de janeiro de 2019



NAVEGANDO E APORTANDO
Ana Cleide Sales*


O sopro varria a Língua Portuguesa
O sopro varria as letras
O sopro varria os dias, os meses
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tédio sem remédio...
  
Controladoria-Geral do Estado
Superintendência de Ouvidoria-Geral do Estado
Gerência de Atendimento ao Cidadão
Início da minha navegação!

No porto da Secretária da Educação
Glauciane aportou
Marcos das Neves, nem me olhou
Márcia Antunes me falou:
Tua função é de revisão
Vai para o Marcelo Jerônimo, então!

Zenilde, acorrei-me!
Naveguei no porto da Lidiane
Currículo, entrevista, perfil
Todos os recursos misturei
Desconstruí as formalidades
Com as atendentes conversei!
  
Com a vela da Linguística
Sem saber navegar
O porto da Viviane avistei
Mistura de Vivi mais Ane
Ane, Ana é preciosa, é graciosa
Oba! É aqui que quero ficar!
   
A equipe de Matemática me chamava ao porto
Correções me levavam ao mar
Eis que chegou Alexsander
Falando de teorias e teoremas
Minha vida ensinar:
“Descritor não pode mudar”
E eu navegava, navegava...
Para não deixar o barco afundar!

Continuei com as correções
Que cheguei a ensinar
Mas eles: Pierre, Inácio, Alex e Evandro
Desistiram do bê a bá
Abadia, Carlos, Deusite e Regina
Vieram me dizer que um dia vão aprender!

Iniciei meu texto
Querendo imitar Bandeira,
Gil Vicente, Ruth Corrêa
Camões, coitado, que diria
Depois dessa, Marlene e Silma
Chegaram falando da aposentadoria!

Pra pressionar minha paciência
A equipe de Ciências
Da Natureza, que beleza
Cibele, Denise, Diego, Leonora, Lilians, Ranib, Rodrigo
Não sei mais o que fazer
Vou enlouquecer!

Onde me levará essa formação?
Que barco mais tomarei?
Irei ao norte, ao sul?
Valei-me, Soraia! Valei-me!
Luzia Mara, Cida, Nelcimone
Deuses do Olimpo,
Valei-me! 

Novamente eu inconstante
Falando de revisão
E pra completar a confusão
Chegaram outros... Infinitas vozes
Sem esperança, o Olimpo divisei
Mas, o quê? A procela me alcançou
Levou-me ao mar, naveguei!

Eis que chegam conduzindo
A nau da nova estação
Professores, professoras
Da equipe de História
Augusto, Erislene, Giselle, Rosemeire
Com o discurso da desconstrução!

De tempestade em tempestade
Perseu, Ulisses, Enéas
Errantes navegantes
Encontrei a equipe de Língua Portuguesa
Ana Cristina, Edinalvas, Elizete, Dinete, Arlinda
Izabel, Lívia, Juliane, Marilda, Ialba
Com as letras são pacientes
Assim, pude navegar tranquilamente!

E o sopro varria as horas
E varria a minha inquietação
E os meus dias ficavam
Mais cheios de emoção
Por isso, prudência é sabedoria
Como tripulante do navio Seduce
Quero esquecer a ouvidoria!


 * Mestre em Linguística, pela Universidade Federal de Goiás – UFG. Especialista em Leitura e Redação/UFG. Graduada em Letras – Português, pela UFG. Consultora de Linguagem. Instrutora de cursos de LP, Reforma Ortográfica e Produção de Texto Técnico para servidores de empresas privadas. É filha de poeta, mas não se tornou poetisa, é professora mestre. Nesta condição, acompanha a filha poetisa Marielle Sant’Ana (autora de Verso e reverso e Muito mais..., entre outros livros), para aprender com ela (o que se aprende com os jovens) como brincar de poesia (02 jan. 2019).


terça-feira, 25 de novembro de 2014

EMPREGO DE LETRAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS

EMPREGO DE LETRAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS
1. Emprega-se letra minúscula inicial:
a) Nos usos correntes de todos os vocábulos da língua.
b) Nos nomes de dias, meses, estações do ano.
c) Nas palavras fulano, sicrano, beltrano.
d) Nos pontos cardeais (mas não em suas abreviaturas).
e) Nos axiônimos (forma cortês de tratamento ou expressão de reverência: Sr., Dr., Vossa Santidade etc.) e hagiônimos (designação comum aos nomes sagrados e aos nomes próprios referentes a crenças religiosas: Deus, Jeová, Ressurreição etc.).  Nestes casos, é facultativo o emprego de maiúsculas: senhor doutor Joaquim da Silva ou Senhor Doutor Joaquim da Silva; santa Filomena ou Santa Filomena. 
f)Nos nomes próprios que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (sendo facultativo o uso de maiúscula): português ou Português; matemática ou Matemática. 
2. Emprega-se letra maiúscula inicial:
a) Nos antropônimos (nomes próprios de pessoas) reais ou fictícios: Branca de Neve.
b) Nos topônimos (nomes próprios de lugar) reais ou fictícios: São Paulo, Londres.
c) Nos nomes de seres antropomorfizados (semelhantes ao homem) ou mitológicos: Adamastor, Odin 
d) Nos nomes que designam instituições: Cruz Vermelha.
e) Nos nomes de festas e festividades: Natal; Páscoa.
f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: Folha de S. Paulo
g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil. 
h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente regulados com maiúsculas não apenas iniciais; mas, também, mediais ou finais: ABL (ou A.B.L.), ONU (ou O.N.U.), Sr. 
i) É facultativo o uso de maiúsculas inicial em palavras usadas reverencialmente, aulicamente (à maneira dos áulicos [cortesãos, palacianos]) ou hierarquicamente, em início de versos (poema), em categorizadores de logradouros públicos, de templos, de edifícios: rua ou Rua da Liberdade.
Obs.: obras especializadas podem observar regras próprias para o emprego de maiúsculas e minúsculas, baseando-se em normalizações estabelecidas por entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente. 

HOUAISS, Instituto Antônio. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Coord. José Carlos Azeredo. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. 



Abreviaturas de formas de tratamento

acadêmico = Acad., Acadêm.
advogado = Adv.º, Advo.
almirante = Alm.
arcebispo = Arc.º, Arco.
bacharel, bacharela, bacharéis, bacharelas = B.el, Bel., B.ela, Bela., B.éis, Béis., B.elas, Belas.
bispo = B.po, Bpo.
capitão = Cap.
cardeal = Card.
comandante = Com., Com.te, Comte.
comendador = Com., Comend., Com.or, Comor.
cônego = Côn.º, Côno.
conselheiro = Cons., Consel., Conselh., Cons.º, Conso.
contador = Cont.dor, Contdor., Cont.or, Contor.
contra-almirante = C.-alm.
coronel = C.el, Cel.
deputado = Dep.
desembargador, desembargadora = Des., Des.ª, Desa.
diácono = Diác.
Digníssimo = DD.
Digno, Dom, Dona = D.
Dona = D.ª, Da.
doutor, doutores = D.r, Dr., D.rs, Drs.
doutora, doutoras = D.ra, Dra. D.ras, Dras.

editor, editores = E., EE.
embaixador extraordinário e plenipotenciário = E.E.P.
Eminência = Em.ª, Ema.
Eminentíssimo = Em.mo, Emmo.
enfermeiro, enfermeira = Enf., Enf.ª, Enfa.
engenheiro, engenheira = Eng., Eng.º, Engo.
enviado extraordinário e ministro plenipotenciário = E.E.M.P.
Estado-Maior = E.M., E.-M.
Excelência = Ex.ª, Exa.
Excelentíssimo, Excelentíssima = Ex.mo, Exmo. Ex.ma, Exma.
general = Gen., G.al, Gal.
ilustríssimo, Ilustríssima = Il.mo, Ilmo., Il.ma, Ilma.
madame (francês = senhora) = M.me, Mme.
mademoiselle (francês = senhorita) = M.lle, Mlle.
major = maj.
major-brigadeiro = Maj.-Brig.
marechal = Mar., M.al,Mal.
médico = Méd.
Meritíssimo = MM.
mestre, mestra = Me, Me., Mª, Ma.
mister (inglês = senhor) = Mr.
monsenhor = Mons.
monsieur, messieurs (francês = senhor, senhores) = M., MM.
Mui(to) Digno = M.D.
Nossa Senhora = N.Sª, N.Sa.
Nosso Senhor = N.S.
padre = P., P.e, Pe.
pároco = Pár.º, paro.
pastor = Pr.
Philosophiae Doctor (latim = doutor de/ em filosofia) =Ph.D.
prefeito = Pref.
presbítero = Presb.º, Presbo.
presidente = Pres., Presid.
procurador = Proc.
professor, professores = Prof., Profs.
professora, professoras = Prof.ª, Profa., Prof.as, Profas.

promotor = Prom.
provedor = Prov.
rei = R.
Reverendíssimo, Revendíssima = Rev.mo, Revmo., Rev.ma, Revma.
Reverendo = Rev., Rev.do, Revdo., Rev.º, Revo.
Reverendo Padre = R.P.
sacerdote = Sac.
Santa = S., S.ta, Sta.
Santíssimo = SS.
Santo = S., S.to, Sto.
Santo Padre = S.P.
São, Santo, Santa = S.
sargento = Sarg.
sargento-ajudante = Sarg.-aj.te,Sarg.-ajte.
secretário, secretária = Sec., Secr.
senador = Sen.
senhor, senhores = S.r, Sr., S.rs, Srs.
senhora, senhoras = S.ra, Sra., S.ras, Sras.
senhorita, senhoritas = Sr.ta, Srta., Sr.tas, Srtas.
Sênior = S.or, Sor.
sóror = Sór., S.or, Sor.
Sua Alteza Real = S.A.R.
Sua Alteza = S.A.
Sua Eminência = S.Em.ª, S.Ema.
Sua Excelência = S..Ex.ª, S.Exa.
Sua Excelência Reverendíssima = S.Ex.ª Rev.ma, S. Exa. Revma.
Sua Majestade = S.M.
Sua Reverência = S. Rev.ª, S.Reva.
Sua Reverendíssima = S.Rev.ma, S. Revma.
Sua Santidade = S.S.
Sua Senhoria = S.Sª, S.Sa.
tenente = Ten., T.te, Tte.
tenente-coronel = Ten. -c.el, Ten.-cel., t.te - c.el, Tte. - cel.
tesoureiro = Tes.
testemunha = Test.
vereador = Ver.
veterinário = Vet.
vice-almirante = V. -alm.
vigário = Vig., Vig.º, Vigo.
visconde = V.de, Vde.
viscondessa = V.dessa, Vdessa.
você = V., v.
Vossa Alteza = V.A.
Vossa Eminência, Vossas Eminências = V.Em.ª, V.Ema., V.Em.as, V.Emas.
Vossa Excelência Reverendíssima, Vossas Excelências Reverendíssimas = V.Ex.ª Rev.ma, V. Exa. Revma., V.Ex.as Rev.mas, V. Exas. Revmas.
Vossa Excelência, Vossas Excelências = V.Ex.ª, V.Exa., V.Ex.as, V.Exas.
Vossa Magnificência, Vossas Magnificências = V. Mag.ª, V.Maga., V.Mag.as, V.Magas.
Vossa Majestade = V.M.
Vossa Revendíssima, Vossas Reverendíssimas = V. Ver.ma, V. Revma., V.Rev.mas, V. Revmas.
Vossa Reverência, Vossas Reverências = V.Rev.ª, V.Reva., V. Rev.as, V.Revas.
Vossa Senhoria, Vossas Senhorias = V.S.ª, V.Sa., V.S.as, V.Sas.

 Abreviaturas. Disponível em:<http://www.pucrs.br/manualred/abreviaturas.php>. Acesso em: 12 nov. 2012. 

MUDANÇAS

Você é a pessoa que escolhe ser (Frank Natale).



Fazemos as mesmas coisas sempre da mesma forma, porque fomos treinados para agir assim.  Repetimos o mesmo comportamento a vida inteira, porque foi a maneira como aprendemos e treinamos. Acabamos nos tornando escravos da rotina e, quando somos solicitados a mudar, argumentamos: “Sou assim desde criança, é o meu jeito de ser e não vou mudar”.
A grande verdade é que você é a pessoa que escolhe ser. Todos os dias você decide se continua do jeito que é ou muda. A grande glória do ser humano é poder participar de sua criação.
Quando você nasceu, Deus lhe proporcionou todas as ferramentas para você completar sua criação.
Perguntado sobre como era criar uma obra de arte, Michelangelo respondeu:
– Dentro da pedra já existe uma obra de arte. Eu apenas tiro o excesso de mármore!
Dentro de você já existe uma linda obra de arte, a mais bela do universo. Seu grande desafio é retirar o excesso de mármore e completá-la. Nós somos os artistas da nossa criação!           
Muitos costumam se desculpar dizendo que são dessa forma devido à influência genética, psicológica, social ou cultural. Mas essa influência não é inevitável nem imutável, na verdade, o ser humano é livre para superar qualquer influência. Basta encontrar o caminho e decidir mudar.
Perguntaram a Oscar Schmidt qual era seu ídolo no basquete. Magic Jonhson ou Michal Jordan. Ele respondeu que era Larry Bird.
– E por que essa admiração por Larry Bird?
– Os outros já nasceram talentosos, com corpos que favoreciam o sucesso no basquete. Mas Larry Bird era desengonçado, não sabia saltar nem arremessar. Tudo nele foi construído com muita dedicação.
O processo da autocriação nasce dentro da gente. Talvez lhe tenham dito que você não tem nenhum talento para números. Pode até ser verdade. Mas, isso não significa que não possa trabalhar com números e que nunca consiga lidar bem com eles. Tenho visto muitas pessoas talentosas agirem com displicência, sem perseverança, parando no meio do caminho e fracassando. Mas nunca vi alguém realmente dedicado a fracassar.
(Do livro O sucesso é ser feliz, de Roberto Shinyashiki)

“Quem quer, arruma um jeito... Quem não quer, arranja uma desculpa”.

A ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa, alguma coisa, nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz, quando se dirigem aos frentistas, por exemplo. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber que você teve que se arrebentar para fazer tal ação... Porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros. E não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. É elegante a gentileza, o silêncio, diante de uma rejeição...
Sobrenome, joias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
Atitudes gentis falam mais que mil imagens... Abrir a porta para alguém é muito elegante... Dar o lugar para alguém sentar é muito elegante...
Sorrir sempre e oferecer ajuda faz um bem danado para a alma...
Olhar nos olhos ao conversar é essencialmente elegante...
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social.
(Adaptação de texto extraído do livro Educação enferruja por falta de uso, de Henri Toulosse Lautrec)

Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade.
Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade (Winston Churchill).
/ACS.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Tristeza do Hífen 

O Trema lamentou sua extinção, pensando que o tal acordo feito entre os países de Língua Portuguesa fosse uma tramoia. Ele, no entanto, é que é feliz! Reclama de barriga cheia por ter sido extinto das palavras portuguesas. Quase não era lembrado... Não entendo sua tristeza! Deveria estar tranquilo. Nunca foi super-homem como eu que aguento tudo! Como sinto inveja dele! Ah, como eu gostaria de ser devastado, “tsunamiado” da Língua Portuguesa! Estou paranoico, contrariado, me sinto um joão-ninguém. Se fizessem um abaixo-assinado, um anteprojeto, defendendo a minha extinção, haveria milhares de adeptos. Sinceramente, estou depressivo, melancólico, pois com ou sem minha presença o sentido das palavras não muda. Então, para que sirvo se a minha presença não faz diferença? Que feiura desses países que assinaram o acordo! Fiquei até com cefaleia. Nem o meu bem-sucedido Brasil, nem Angola, nem São Tomé tiveram a ideia de me eliminar. Meus usuários agradeceriam. Eu poderia, pelo menos, ser ouvido, ser respeitado, pois dos 0,3% das alterações do acordo, ocupo o primeiro lugar. Alguns mandachuvas como girassol e passatempo foram solidários ao meu sofrimento e me eliminaram de seus planos. Assim, não os acompanho mais. Sem conhecerem a minha real vontade, alguns ponderaram o seguinte: “Já eliminamos o trema, não podemos eliminar o hífen, pois representa a maioria das modificações feitas.” De certo, pensaram estar contribuindo com minha autoestima. Engano! Foi tudo diferente daquilo que desejava... Tenho, agora, que dizer: Cheguei – para os mal-humorados; Tô na área – para os recém-casados; Agora vocês vão ter que me engolir – para os sem-teto. Por que não fui extinto?! Fico, agora, em zigue-zague, num corre-corre, num tira-põe, feito uma “Maria vai com as outras”, dando trabalho pra todos. Mas agora, para! Chega de paranoia, pois ainda me resta, um consolo: vou me preparar para o próximo acordo! Quiçá, meu anti-herói, Portugal, abrace meu voo e desta vez me dê seu apoio com braços fortes.

Suely Regina Corsino do Carmo
Centro de Seleção/Universidade Federal de Goiás


Carta de despedida do TREMA 
Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes! O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé. Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas? A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "kkk" pra cá, "www" pra lá. Até o jogo da velha, para quem ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que, aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da Língua Portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o Alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.
Vemo-nos nas páginas antigas. Saio da língua “para entrar na história”.
Adeus,

Trema
(Extraído da internet)